(inspirado na obra de Tolstói: ‘A MORTE DE IVAN ILITCH’)
Outrora minha vida tinha o brilho das manhãs
A sutileza e a elegância permeavam meus afazeres
Sentia uma estrada inteira pela minha frente
Com a promessa de um porvir cheio de luz e reais prazeres
Passada a juventude, busquei novos caminhos
Revendo meu passado, sinto que em algum momento adormeci
Estes caminhos ao invés de me conduzir para a luz
Me conduziram às sombras de mim mesmo, me perdi…
Estes novos caminhos se encheram de ervas daninhas e espinhos
Que se enrolaram em minha alma aos poucos
Sem que pudesse perceber esta escuridão
Dominando meu ser e a tudo em minha volta, sem volta, como os loucos…
Agora é meu corpo que é corroído aos poucos,
Não há mais nada tão urgente, tão pungente, tão doente
Me volto para quem eu fui até aqui
Buscando honrarias, riquezas vãs, vida vazia, sendo negligente…
Mas resta-me uma esperança
Aquela mesmo que dizem que nunca morre
Me volto para o alto e para o fundo de mim mesmo
E percebo que ainda posso me redimir e o tempo corre…
A resiliência e a paciência foram testadas sem que eu quisesse
E agora me vejo tão nobre, tão forte
Vejo que a vida não tem começo nem fim
Meu corpo perece, mas minha alma viva permanece e busca um norte
Agora não temo mais a morte, ela não me assola mais
Para trás ficou meu desespero e agora não mais sinto o desterro
Minha alma se libertará e seguirá seu rumo
Ao que é real, verdadeiro, sem lamentos ao infinito derradeiro…
por Cris Pavani
“Aluna da ACADEMIA Escola de Filosofia Livre e participante do Clube de Leitura Ateneu”