O assunto dinheiro sempre foi e continua sendo de bastante interesse para a grande maioria das pessoas. Neste artigo procuraremos mostrar um lado pouco desvendado sobre nossa relação com o dinheiro.
Primeiramente, podemos afirmar que, de uma maneira genérica, a atual relação da nossa sociedade homem x dinheiro está falida e conflituosa. Tal afirmação é facilmente constatada e, com um pouco de acuidade, perceberemos que não é somente essa relação que se encontra agonizando, mas, também, tantas outras que tiveram seus conceitos distorcidos ao longo do tempo. Isso vem se acentuando num ritmo acelerado. Há uma inversão de valores que tem levado nossa sociedade ao caos e, nesse diapasão, podemos destacar nossa relação com a tecnologia, com a alimentação, com a prática de esportes, com o lazer, etc.
Nossa relação com a tecnologia é a pior possível. Toda novidade tecnológica rapidamente domina o homem e escraviza-o. Um exemplo é o computador que poderia ser uma máquina a serviço do homem, o que lhe permitiria ganhar tempo e qualidade de vida, entretanto, mantém-nos cada dia mais dependentes. Criou-se um mundo virtual que, muito embora, aparentemente, nos tenha aproximado uns dos outros já que temos informações on line de todo o mundo e onde podemos fazer amigos através do Facebook, na verdade, tornou-nos mais frios e afastados, pois com um mero delete pomos fim a uma relação de “amizade”. Todavia, que diferença faz se podemos adicionar centenas de outros novos “amigos”, muito embora jamais venhamos sequer a conhecer suas faces e saber seus verdadeiros nomes?
Nossa relação com a alimentação está tão distorcida que aquilo que, a princípio, teria a função de nos manter saudáveis e ativos para a vida, conduz-nos à morte, haja vista o crescente número de infartos, AVCs e doenças de toda a sorte provocadas pela má qualidade dos alimentos industrializados e pela nossa falta de educação alimentar.
Além disso, na maioria das vezes, não fazemos exercícios físicos adequadamente, e chegamos a disputar uma vaga de estacionamento o mais próximo possível da entrada dos estabelecimentos para, depois, pagarmos academia para “fazer” esteira. Que contrassenso!
Assim, se analisarmos mais amplamente nossa relação com a vida, encontraremos diversas incoerências que têm trazido muito sofrimento e dor à humanidade e, sem dúvida, uma dessas inversões é a nossa relação com o dinheiro.
Observe a tamanha incoerência de uma sociedade que trabalha compulsivamente, muitas vezes fora de sua verdadeira vocação e, na maioria das vezes, iludida, se sente obrigada a manter um padrão de vida sem base em suas verdadeiras necessidades. Adota como referência um padrão imposto por um seleto grupo que detém o domínio do poder e que se utiliza, indistintamente, de todos os meios de comunicação possíveis para criar necessidades e vender seus produtos. Observe que o tempo que despendemos em nosso trabalho para ganhar dinheiro representa boa parte de nossa vida, para depois gastarmos esse dinheiro em compras de bens e serviços os quais, de fato, não necessitamos para sermos felizes.
Observe pessoas que, apesar de terem sido competentes para acumular muito dinheiro, não são capazes de conquistar um mínimo de paz interior. Observe, ainda, que muitos, por vaidade, adquirem luxuosos bens, notoriamente excedentes às suas necessidades, porém freiam diante da possibilidade de ajudar uma criança faminta. Quantos ainda acumulam fortunas em detrimento de cercearem seu Ideal de vida, morrem e, em lugar de deixarem um bom exemplo de vida, restringem-se a deixarem bens que muitas vezes passam a ser objeto de discórdia entre os herdeiros.
Todos esses sintomas demonstram nossa incapacidade de nos relacionarmos bem com o dinheiro, pois, numa relação de fato madura e consciente, teríamos uma situação inversa, onde o dinheiro seria um meio de se atingir um fim. Dinheiro jamais seria motivo de desavenças, dinheiro seria solução e não problema. Do mesmo modo, uma relação saudável com o dinheiro implica, necessariamente, harmonia, do contrário, passamos a ser escravizados pelo dinheiro.
A escravidão pelo dinheiro é notória haja vista podermos afirmar que, embora nos digamos religiosos, o próprio deus a quem a maioria da sociedade serve chama-se “dinheiro”, pois acordamos pensando nele, trabalhamos em função dele, preparamo-nos cada vez mais para ganhá-lo em maior quantidade e brigamos por ele. Ele é mais importante que as amizades e que nossa honra, ou seja, em nossa hierarquia de valores, ele está em primeiro lugar.
Todas essas relações falidas que acabamos de relacionar, inclusive as com o dinheiro, devem-se a um único fator: não sabemos amar!
O verdadeiro amor, o dito incondicional que independe de retorno pessoal, calca-se em quatro aspectos: o cuidado, o respeito, a responsabilidade e o conhecimento. Perdidos esses valores, perdemos, consequentemente, nossa boa relação com tudo e assim desaprendemos a amar.
Observe que numa relação entre duas pessoas, quando, de fato, existe amor, necessariamente, há o cuidado – cuida-se da pessoa amada e do objeto amado, seja ele o que for. O cuidado demonstra o amor que temos pelas pessoas e pelas coisas – quando não há amor não há cuidado. Quem ama cuida e será que cuidamos do nosso dinheiro?
Cuidar é, sobretudo, proteger, tomando as cautelas necessárias para garantir o espaço físico e psíquico que circundam a pessoa ou o objeto. Entendido isso, observe agora qual a sua relação de cuidado com seu dinheiro. Você o mantém protegido? Sabe quanto tem? Sabe qual é sua capacidade de poupança? Tem algum controle básico de gastos e de receita mensal?
Se suas respostas forem negativas, certamente está no rol de pessoas que não cuidam de seu dinheiro.
Respeitar é aceitar as pessoas e as coisas como elas de fato são, não querendo mudá-las e adequá-las para atender suas necessidades. A atitude de respeito deve ser desenvolvida não somente com relação às pessoas, mas também com relação a tudo o que nos cerca. Dessa forma, devemos aprender a respeitar as forças da Natureza, as pessoas e os objetos, pois tudo tem sua função no Universo, e devemos reconhecer essa função em todas as coisas e aceitar que tudo tem vida própria e sua própria finalidade, evitando querer moldar o mundo que nos cerca em conformidade com nossos interesses pessoais.
Será que nossa atitude com os bens econômicos que nos cercam corresponde às afirmações citadas? Será que tanto o dinheiro quanto os bens são meros objetos que vemos com a única finalidade de atingirmos nossos objetivos egoístas e pessoais?
Se sua resposta for afirmativa para as perguntas acima, certamente precisa desenvolver a qualidade do respeito.
Ser responsável é a virtude do reconhecimento de nossa capacidade de mudar aquilo que não nos parece justo. Observe que a maioria das pessoas considera-se injustiçada, principalmente as que não têm a quantidade de dinheiro que julgam necessária para manter um bom padrão de vida. Estão sempre culpando as circunstâncias, o governo, o patrão, o concorrente, porém, não assumem sua própria responsabilidade sobre a manutenção de uma condição que lhes parece injusta.
Ser responsável é, sobretudo, agir sobre as situações da vida que nos competem. Deus não privilegia ninguém nem ama mais um que outro. O que ocorre é que nós mesmos criamos nossa própria realidade, fazendo-nos pobres ou ricos. Temos muitos exemplos de pessoas que não tinham absolutamente nada e com muito trabalho, dedicação e foco construíram impérios.
Você já tem consciência de sua incapacidade de agir sobre as situações? Você é daqueles que despendem sua energia diariamente reclamando de tudo e, principalmente, de sua situação econômica e de seu emprego?
Se respondeu sim para as perguntas acima, tenha certeza que necessita urgentemente desenvolver a virtude da responsabilidade.
Conhecer é ter ciência de alguma coisa, é saber a natureza e o funcionamento de algo ou de alguém, não julgando somente pela aparência e pelo senso comum, mas sim buscando a causa remota em tudo, pois todas as coisas somente se mostram como de fato são se forem vistas por olhos que as penetrem na essência.
Conhecer sobre o dinheiro implica conhecer sua natureza e as leis que o regem.
Dentre as leis que regem o dinheiro temos a lei da circulação, a lei do carma, a lei das pequenas coisas, a lei da alavancagem, entre outras.
Você sabe, de fato, responder o que é verdadeiramente o dinheiro, o que ele representa e quais as leis que regem seu funcionamento? Você percebeu que o dinheiro é uma energia de vida e que, como a água, necessita circular? Você sabe que o dinheiro é um símbolo e que ele é criado de uma fonte inesgotável através da prática das leis que ativam o Universo? Se ainda não desenvolveu essa visão sobre o dinheiro e suas leis, certamente necessita estudar mais sobre o assunto.
Percebe-se com evidência que alguém está escravizado pelo dinheiro quando esse alguém apresenta os seguintes sintomas:
Comece a estabelecer a partir de agora uma boa relação com o dinheiro, ame-o e, sobretudo, ame a si mesmo!